quarta-feira, 12 de março de 2008


A mulher menina
No seu cantinho
Sozinha chora
Seus suspiros e angústias
São sussurros
Escondem-se no seu peito
Gritar a dor é feio
O que os outros pensarão?
Sua alma ainda é de menina, mas já é mulher
Mulher no alto do seu salto
Mulher que ama e finge não amar
Mulher que sente saudade e finge não doer
Mulher que pisa firme
Mas no seu cantinho
ainda veste saias plissadas e sandálias coloridas
E essa menina está tão triste
Ainda não aprendeu a amar
A menina quer aquele colo perdido
Aquele olhar doce
Aquele beijinho delicado
Na janela ela fica esperando
encontrar, rever, sentir
Ela estica as mãos
Seus dedos não alcançam
Sua mão é pequenina demais
Ela tenta, na ponta dos pés
Mas seu corpo é miúdo
Senta no chão do seu pequeno mundinho
Em cada cantinho uma lembrança
Lembranças que poderão ser as últimas
No meio de suas lágrimas, ela dorme
Acorda com os raios de sol
Um novo dia se apresenta
A mulher deve acordar
Talvez hoje doa menos
E amanhã ainda menos
E depois quem sabe esqueça
Mas só a mulher,
A menina ainda estará ali
Na janela esperando
Com um olhar infantil
De quem nunca deseja esquecer
De quem nunca deixará de sonhar

Um comentário:

Manoela disse...

Você que criou esse escrito??
Tô assustada de tão lindo!!!
Obrigada por me proporciobar essa leitura!